Gideão, filho de Joás, do clã dos abiezritas na tribo de Manassés, viveu durante um período de severa opressão de Israel pelos midianitas e amalequitas, que invadiam a terra anualmente para destruir as colheitas (Juízes 6). A história de Gideão começa com ele malhando trigo escondido num lagar (prensa de uvas) para ocultá-lo dos inimigos. Ali, o Anjo do Senhor lhe apareceu, saudando-o como "homem valente" e comissionando-o a libertar Israel (Juízes 6:11-14).
Gideão expressou fortes dúvidas, questionando a presença de Deus em meio ao sofrimento e apontando sua própria insignificância ("minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai"). Para confirmar o chamado, pediu um sinal: preparou uma oferta que foi consumida por fogo que saiu da rocha ao toque do cajado do Anjo (Juízes 6:15-24). Sua primeira tarefa foi destruir o altar de Baal pertencente a seu pai e o poste-ídolo de Aserá ao lado dele, construindo em seu lugar um altar ao Senhor. Isso lhe rendeu o nome de Jerubaal ("Que Baal contenda com ele") dado pelos moradores locais (Juízes 6:25-32).
Ao reunir um exército das tribos de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali para enfrentar os midianitas acampados no Vale de Jezreel, Gideão ainda hesitou e pediu mais dois sinais a Deus envolvendo um velo de lã (orvalho apenas no velo, depois apenas na terra ao redor), os quais Deus pacientemente concedeu (Juízes 6:33-40).
Deus, então, declarou que o exército de 32.000 homens era grande demais, para que Israel não se gloriasse da vitória. Primeiro, os medrosos foram dispensados, restando 10.000. Em seguida, através de um teste incomum (a forma como bebiam água numa fonte), Deus selecionou apenas 300 homens (Juízes 7:1-8). Para encorajar Gideão, Deus o enviou a espiar o acampamento inimigo, onde ouviu um midianita contar um sonho sobre um pão de cevada que derrubava uma tenda, interpretado por seu companheiro como a vitória de Gideão (Juízes 7:9-15).
Com os 300 homens, Gideão implementou a estratégia divina: à noite, cercaram o acampamento midianita divididos em três grupos. Ao sinal, todos tocaram suas trombetas, quebraram os cântaros vazios que escondiam tochas acesas e gritaram: "Pelo SENHOR e por Gideão!". O exército midianita entrou em pânico, lutando entre si e fugindo em desordem (Juízes 7:16-22).
Gideão convocou os efraimitas para cortar a rota de fuga e perseguiu os reis midianitas Zeba e Zalmuna para além do Jordão. No caminho, puniu os homens de Sucote e Penuel por se recusarem a fornecer comida a seus homens exaustos. Finalmente, capturou e executou pessoalmente os dois reis midianitas (Juízes 7:23-8:21).
Após a vitória retumbante, os israelitas pediram a Gideão que se tornasse seu rei hereditário. Ele recusou sabiamente: "Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o SENHOR sobre vós dominará" (Juízes 8:22-23). No entanto, pediu os brincos de ouro tomados como despojo e fez deles um éfode (uma vestimenta sacerdotal ou objeto de culto), que colocou em sua cidade, Ofra. Tragicamente, "todo o Israel se prostituiu, seguindo após ele; e foi por laço a Gideão e à sua casa" (Juízes 8:24-27).
Apesar desse erro final, a libertação liderada por Gideão trouxe paz a Israel por 40 anos, durante o resto de sua vida. Ele teve muitas esposas e 70 filhos, além de Abimeleque, filho de sua concubina em Siquém, que causaria grande mal após sua morte. Gideão morreu em boa velhice e foi sepultado em Ofra (Juízes 8:28-32). Ele é lembrado em Hebreus 11 como um herói da fé.