A história de Rute se passa "nos dias em que julgavam os juízes" (Rute 1:1), um período de instabilidade em Israel. Devido a uma fome em Belém de Judá, um homem chamado Elimeleque migrou para a terra de Moabe com sua esposa Noemi e seus dois filhos, Malom e Quiliom. Lá, os filhos se casaram com mulheres moabitas: Malom com Rute e Quiliom com Orfa (Rute 1:4).
Tragicamente, Elimeleque, Malom e Quiliom morreram em Moabe, deixando Noemi, Rute e Orfa viúvas e desamparadas. Ouvindo que a fome em Judá havia terminado, Noemi decidiu retornar a Belém e instou suas noras a voltarem para suas famílias moabitas. Orfa, chorando, despediu-se. Rute, porém, apegou-se tenazmente a Noemi, proferindo uma das mais belas declarações de lealdade e compromisso da Bíblia: "Não me instes para que te deixe... o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus..." (Rute 1:16-17). Sua decisão implicava não apenas lealdade pessoal a Noemi, mas também uma conversão ao povo e ao Deus de Israel.
Chegando a Belém no início da colheita da cevada, Rute tomou a iniciativa de prover para si e para Noemi, pedindo permissão para respigar (recolher as espigas deixadas para trás pelos ceifeiros, um direito garantido pela Lei aos pobres e estrangeiros) nos campos. Providencialmente, ela "por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, que era da família de Elimeleque" (Rute 2:3).
Boaz, um homem rico e respeitado, notou Rute e, ao saber de sua identidade e de sua extraordinária lealdade para com Noemi, mostrou-lhe grande favor e bondade (*hesed*). Ele instruiu seus servos a protegê-la, permitir que bebesse da água deles, e até mesmo a deixarem cair espigas de propósito para ela colher. Boaz a abençoou, reconhecendo que ela havia buscado refúgio sob as asas do Deus de Israel (Rute 2:4-16).
Quando Rute relatou sua experiência a Noemi, esta reconheceu a mão de Deus e identificou Boaz como um parente próximo com direito e responsabilidade de resgate (*go'el*). Noemi então instruiu Rute sobre como abordar Boaz de forma culturalmente apropriada, mas ousada, durante a noite na eira (local de debulha e celebração da colheita), pedindo-lhe que exercesse seu direito/dever de remidor: "estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador" (Rute 3:1-9).
Boaz, impressionado com a virtude (eshet chayil) e a lealdade (*hesed*) de Rute (que buscou um parente mais velho em vez de um jovem), prometeu cuidar do assunto. Havia, porém, um parente mais próximo que Boaz com direito de resgate. No dia seguinte, Boaz habilmente conduziu a negociação na porta da cidade com o parente mais próximo. O parente inicialmente concordou em redimir a terra, mas desistiu ao saber que isso implicava casar-se com Rute, a moabita, para "suscitar o nome do falecido sobre a sua herança", temendo prejudicar sua própria linhagem (Rute 4:1-6).
Boaz, então, publicamente declarou que estava redimindo a propriedade e tomando Rute por esposa, com o louvor e a bênção dos anciãos e do povo presentes. Boaz e Rute se casaram, e o Senhor concedeu que ela concebesse e desse à luz um filho chamado Obede. As mulheres de Belém celebraram com Noemi, elogiando Rute como sendo "melhor do que sete filhos" para sua sogra (Rute 4:13-17).
O livro conclui traçando a genealogia: Obede foi o pai de Jessé, e Jessé foi o pai do Rei Davi (Rute 4:17-22). Assim, Rute, a moabita fiel, foi graciosamente incorporada à história da salvação de Israel e à linhagem messiânica de Jesus Cristo (Mateus 1:5).