6
Porque da janela da minha casa, por minhas grades, olhando eu,
7
vi entre os simples, descobri entre os jovens um que era carecente de juízo,
8
que ia e vinha pela rua junto à esquina da mulher estranha e seguia o caminho da sua casa,
9
à tarde do dia, no crepúsculo, na escuridão da noite, nas trevas.
10
Eis que a mulher lhe sai ao encontro, com vestes de prostituta e astuta de coração.
11
É apaixonada e inquieta, cujos pés não param em casa;
12
ora está nas ruas, ora, nas praças, espreitando por todos os cantos.
13
Aproximou-se dele, e o beijou, e de cara impudente lhe diz:
14
Sacrifícios pacíficos tinha eu de oferecer; paguei hoje os meus votos.
15
Por isso, saí ao teu encontro, a buscar-te, e te achei.
16
Já cobri de colchas a minha cama, de linho fino do Egito, de várias cores;
17
já perfumei o meu leito com mirra, aloés e cinamomo.
18
Vem, embriaguemo-nos com as delícias do amor, até pela manhã; gozemos amores.
19
Porque o meu marido não está em casa, saiu de viagem para longe.
20
Levou consigo um saquitel de dinheiro; só por volta da lua cheia ele tornará para casa.
21
Seduziu-o com as suas muitas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o arrastou.
22
E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede,
23
até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida.
24
Agora, pois, filho, dá-me ouvidos e sê atento às palavras da minha boca;
25
não se desvie o teu coração para os caminhos dela, e não andes perdido nas suas veredas;
26
porque a muitos feriu e derribou; e são muitos os que por ela foram mortos.
27
A sua casa é caminho para a sepultura e desce para as câmaras da morte.