Elias, o Tisbita, natural de Gileade, surge abruptamente na história de Israel durante o reinado de Acabe e sua esposa fenícia Jezabel, um período marcado pela intensa promoção do culto a Baal no Reino do Norte (1 Reis 17:1). Sua primeira ação registrada é anunciar a Acabe uma severa seca sobre a terra, que duraria anos, como juízo divino pela idolatria.
Durante a seca, Deus sustentou Elias milagrosamente: primeiro junto ao ribeiro de Querite, onde corvos lhe traziam comida, e depois em Sarepta, uma cidade fenícia, na casa de uma viúva pobre. Ali, Elias realizou milagres, multiplicando a farinha e o azeite da viúva para que não acabassem, e posteriormente ressuscitou o filho dela quando este adoeceu e morreu (1 Reis 17).
Após três anos e meio de seca (cf. Lucas 4:25, Tiago 5:17), Elias confrontou Acabe e desafiou os 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Aserá para uma prova decisiva no Monte Carmelo. Diante de todo o povo, propôs que cada lado preparasse um sacrifício, e o deus que respondesse com fogo do céu seria reconhecido como o verdadeiro Deus. Os profetas de Baal clamaram e se retalharam em vão. Elias, então, reconstruiu o altar do Senhor, preparou seu sacrifício, encharcou-o com água e orou fervorosamente. Fogo desceu do céu, consumindo o holocausto, a lenha, as pedras, o pó e a água. O povo, maravilhado, reconheceu YHWH como Deus, e Elias ordenou a execução dos profetas de Baal no ribeiro Quisom. Em seguida, Elias orou intensamente pela chuva, que retornou abundantemente (1 Reis 18).
Apesar da vitória retumbante, a rainha Jezabel ameaçou Elias de morte, fazendo-o fugir para o deserto. Exausto e desanimado, sentou-se debaixo de um zimbro e pediu a morte a Deus ("Basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma..."). Um anjo, porém, o fortaleceu com comida e bebida, permitindo-lhe viajar por 40 dias e 40 noites até o Monte Horebe (Sinai), o monte de Deus (1 Reis 19:1-8).
Em Horebe, Elias teve um encontro profundo com Deus. Deus se manifestou não no vento forte, no terremoto ou no fogo, mas numa "voz mansa e delicada" (ou "som de um suave silêncio"). Elias expressou sua queixa de solidão e zelo por Deus, e Deus o reorientou, comissionando-o a ungir Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel, e Eliseu como seu próprio sucessor profético, revelando também que havia preservado 7.000 fiéis em Israel que não se dobraram a Baal (1 Reis 19:9-18).
Elias encontrou Eliseu e o chamou para ser seu discípulo, lançando seu manto sobre ele (1 Reis 19:19-21). Mais tarde, confrontou Acabe e Jezabel pelo assassinato de Nabote e o roubo de sua vinha, profetizando o fim violento de ambos (1 Reis 21). Também confrontou o rei Acazias por consultar um deus pagão (Baal-Zebube) e anunciou sua morte, consumindo com fogo do céu os soldados enviados para prendê-lo (2 Reis 1).
O fim do ministério terreno de Elias foi tão dramático quanto seu início. Enquanto caminhava com Eliseu, após cruzarem o Rio Jordão em seco, "eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho" (2 Reis 2:11). Ele não experimentou a morte física. Eliseu recebeu seu manto e uma porção dobrada de seu espírito, continuando seu ministério profético. Elias permaneceu uma figura lendária, com a profecia de Malaquias (4:5-6) prometendo seu retorno antes do grande Dia do Senhor, uma expectativa que o Novo Testamento aplica a João Batista e que viu um cumprimento simbólico na Transfiguração de Jesus, onde Elias apareceu ao lado de Moisés.