O Livro de Jó apresenta Jó como um homem "íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal", vivendo na terra de Uz (localização incerta, talvez Edom ou Arábia). Ele era extremamente rico em gado e servos, e abençoado com sete filhos e três filhas, sendo considerado "o maior de todos os do Oriente" (Jó 1:1-3).
O prólogo do livro descreve uma cena no conselho celestial onde Satanás (o Acusador) desafia a integridade de Jó perante Deus, argumentando que Jó só era fiel por causa das bênçãos recebidas. Deus permite que Satanás teste Jó, mas com limites. Na primeira prova, Jó perde todo o seu gado, servos e seus dez filhos em calamidades súbitas (Jó 1:13-19). Sua reação inicial é de profundo luto, mas também de adoração: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR." Ele não pecou nem culpou a Deus (Jó 1:20-22).
Numa segunda cena celestial, Satanás argumenta que Jó só manteria a integridade se sua própria saúde fosse atingida. Deus permite o teste novamente, poupando apenas a vida de Jó (Jó 2:1-6). Jó é então afligido com chagas malignas dolorosas da cabeça aos pés. Sua esposa o incita a amaldiçoar Deus e morrer, mas ele a repreende: "Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?" (Jó 2:7-10).
Três amigos de Jó – Elifaz, o Temanita, Bildade, o Suíta, e Zofar, o Naamatita – vêm para consolá-lo. Ao verem seu estado, ficam em silêncio por sete dias (Jó 2:11-13). A maior parte do livro (Jó 3-37) consiste nos ciclos de discursos poéticos entre Jó e seus amigos. Os amigos, baseados na teologia tradicional da retribuição (Deus sempre abençoa o justo e pune o ímpio), insistem que o sofrimento extremo de Jó deve ser resultado de algum pecado oculto e o exortam a se arrepender. Jó, por sua vez, defende veementemente sua integridade, lamenta sua condição, questiona a justiça de Deus em permitir que um inocente sofra tanto, e expressa um desejo profundo por uma audiência ou um mediador com Deus. Ele luta com a aparente ausência e silêncio de Deus, mas em momentos de clareza, afirma sua esperança final em um Redentor (Jó 19:25-27).
Após os discursos dos três amigos, um homem mais jovem, Eliú, intervém (Jó 32-37), repreendendo tanto Jó quanto seus amigos. Ele argumenta que o sofrimento pode ter propósitos disciplinares ou reveladores da grandeza de Deus, e não ser apenas punitivo.
Finalmente, Deus responde a Jó, não diretamente às suas perguntas sobre o porquê do sofrimento, mas de dentro de um redemoinho (Jó 38-41). Deus confronta Jó com uma série de perguntas sobre a vastidão, complexidade e mistério da criação (fenômenos naturais, animais exóticos como o Beemote e o Leviatã), destacando a sabedoria e o poder soberano de Deus em contraste com a compreensão limitada de Jó. O objetivo não é explicar o sofrimento, mas revelar o próprio Deus a Jó em Sua majestade.
Diante dessa revelação, Jó se humilha e se arrepende de sua presunção em questionar Deus: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5-6). No epílogo (Jó 42:7-17), Deus repreende Elifaz, Bildade e Zofar por não terem falado corretamente sobre Ele, como Jó fizera (apesar de suas queixas). Eles são instruídos a oferecer sacrifícios, e Jó ora por eles. Deus então restaura a sorte de Jó, dando-lhe o dobro de tudo o que possuía antes. Ele tem outros sete filhos e três filhas (notáveis por sua beleza e por receberem herança). Jó vive mais 140 anos, vendo até a quarta geração de seus descendentes, e morre "velho e farto de dias". Sua história é um testemunho profundo sobre fé, sofrimento, a soberania de Deus e a perseverança.