Judá foi o quarto filho de Jacó e sua primeira esposa, Lia. Ao nascer, Lia exclamou: "Desta vez louvarei o SENHOR"; por isso lhe chamou Judá (Hebraico: Yehudah, "Louvor") (Gênesis 29:35). Ele cresceu em meio à complexa dinâmica familiar dos filhos de Jacó.
Na conspiração dos irmãos contra José, Judá teve um papel ambíguo mas crucial. Após Rúben impedir o assassinato direto, foi Judá quem sugeriu aos irmãos: "Que proveito haverá em matarmos nosso irmão e ocultarmos o seu sangue? Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas..." (Gênesis 37:26-27). Embora motivado em parte por ganho e evitando o fratricídio direto, sua ação resultou na venda de José como escravo.
Gênesis 38 interrompe a narrativa de José para contar um episódio específico sobre Judá. Após a morte de sua esposa cananeia (filha de Sua), com quem tivera três filhos (Er, Onã e Selá), e a morte dos dois mais velhos por maldade divina, Judá reteve seu terceiro filho, Selá, de se casar com sua nora Tamar, conforme o costume do levirato. Tamar, então, disfarçou-se de prostituta e teve relações com Judá sem que ele a reconhecesse, obtendo seu selo, cordão e cajado como penhor. Quando a gravidez dela se tornou evidente e ela foi acusada, Tamar apresentou os objetos de Judá como prova. Confrontado, Judá admitiu sua falha em não lhe dar Selá e declarou: "Mais justa é ela do que eu". Desta união nasceram os gêmeos Perez e Zerá. Notavelmente, é através de Perez que a linhagem real de Davi e a linhagem messiânica de Jesus continuam (Mateus 1:3).
Anos mais tarde, durante a fome, Judá demonstrou uma profunda transformação de caráter. Quando os irmãos precisaram retornar ao Egito pela segunda vez para comprar comida e levar Benjamim (conforme exigido por José, ainda não reconhecido), Jacó hesitou em deixar seu filho mais novo ir. Judá interveio, assumindo total responsabilidade e oferecendo sua própria vida como garantia: "Eu serei fiador por ele [...] Se eu não to tornar a trazer..., serei culpado para contigo para sempre" (Gênesis 43:8-9).
No clímax do teste de José no Egito, quando a taça de prata foi encontrada no saco de Benjamim e este foi ameaçado de escravidão, Judá deu um passo à frente e fez uma das súplicas mais eloquentes e comoventes da Bíblia (Gênesis 44:18-34). Ele descreveu o profundo amor de Jacó por Benjamim, o impacto devastador que a perda do rapaz teria sobre o pai idoso, e ofereceu a si mesmo como escravo no lugar de Benjamim para que o irmão pudesse retornar a Jacó. Este ato de liderança, responsabilidade e amor sacrificial foi o que finalmente levou José a se revelar a seus irmãos.
Antes de morrer no Egito, Jacó proferiu bênçãos proféticas sobre seus doze filhos. A bênção sobre Judá (Gênesis 49:8-12) foi a mais proeminente em termos de liderança e realeza. Jacó profetizou que Judá seria louvado por seus irmãos, sua mão estaria sobre seus inimigos (força como um leão), e o mais importante: "O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos". Esta profecia apontava para a futura supremacia da tribo de Judá, o estabelecimento da monarquia davídica e, em última análise, a vinda do Messias ("Siló", um termo enigmático geralmente interpretado messianicamente) de sua linhagem.
Judá morreu no Egito com o restante de sua geração, mas sua descendência formou a tribo mais poderosa de Israel, da qual emergiram o Rei Davi e, séculos mais tarde, Jesus Cristo, o "Leão da tribo de Judá" (Apocalipse 5:5).