Isaías

Isaías, filho de Amoz, foi um dos maiores profetas de Israel, ministrando no Reino de Judá durante um período turbulento no século VIII a.C., sob os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Isaías 1:1). Sua longa carreira profética coincidiu com a expansão ameaçadora do Império Assírio e a queda do Reino do Norte (Israel) em 722 a.C.

Seu chamado profético, descrito em Isaías 6, ocorreu no ano da morte do rei Uzias (c. 740 a.C.) através de uma visão impressionante da majestade e santidade de Deus no Templo, com serafins clamando "Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos". Confrontado com a santidade divina e sua própria impureza, Isaías confessou seu pecado e foi purificado por uma brasa viva do altar tocada em seus lábios por um serafim. Ele então respondeu voluntariamente ao chamado de Deus: "Eis-me aqui, envia-me a mim". Sua missão seria pregar a um povo de coração endurecido, anunciando juízo, mas também preservando um remanescente fiel.

Durante o reinado do rei Acaz, Isaías o confrontou durante a Crise Siro-Efraimita (c. 735-732 a.C.), quando os reis da Síria e de Israel (Efraim) ameaçaram Jerusalém. Isaías instou Acaz a confiar em Deus em vez de buscar ajuda da Assíria, oferecendo-lhe um sinal. Mesmo com a recusa de Acaz, Deus deu o sinal de Emanuel ("Deus conosco"): "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel" (Isaías 7:14), uma profecia com cumprimento imediato e futuro no Messias. Isaías também deu nomes simbólicos a seus filhos (Sear-Jasube, Maer-Salal-Hás-Baz) como sinais proféticos.

Sob o reinado do fiel rei Ezequias, Isaías desempenhou um papel crucial durante a invasão do rei Senaqueribe da Assíria em 701 a.C. Enquanto o exército assírio cercava Jerusalém e blasfemava contra Deus, Isaías encorajou Ezequias a confiar no Senhor, profetizando a derrota humilhante de Senaqueribe e a libertação miraculosa da cidade, o que de fato ocorreu (Isaías 36-37; 2 Reis 18-19). Isaías também interveio durante a doença mortal de Ezequias, anunciando primeiro sua morte e depois, em resposta à oração do rei, sua cura e a extensão de sua vida por 15 anos, confirmada pelo sinal miraculoso do retrocesso da sombra no relógio de Acaz (Isaías 38; 2 Reis 20). No entanto, Isaías também repreendeu Ezequias por exibir orgulhosamente seus tesouros aos enviados da Babilônia, profetizando o futuro exílio e a pilhagem de Jerusalém por aquele império emergente (Isaías 39; 2 Reis 20).

O Livro de Isaías é notável por sua amplitude teológica e literária. Ele proclama a santidade, soberania e justiça de Deus, denuncia vigorosamente a idolatria, a injustiça social e a hipocrisia religiosa de Judá, e anuncia o juízo divino não apenas sobre Judá, mas também sobre as nações pagãs. Ao mesmo tempo, o livro está repleto de algumas das mais gloriosas promessas de esperança, restauração e redenção do Antigo Testamento. Destacam-se as passagens sobre o Messias davídico (Is 9:6-7; 11:1-10), o Servo Sofredor que levaria os pecados do povo (especialmente Isaías 52:13-53:12), o convite universal à salvação (Is 55), e a visão escatológica de Novos Céus e Nova Terra onde a paz e a justiça reinarão sob a presença gloriosa de Deus (Is 65-66).

A tradição judaica e cristã primitiva sustenta que Isaías foi martirizado (serrado ao meio) durante o reinado do ímpio rei Manassés, filho de Ezequias, embora isso não seja registrado nos livros históricos canônicos. Seu legado como o "profeta evangélico" do Antigo Testamento perdura, sendo o profeta mais citado no Novo Testamento.