Abraão, nascido Abrão em Ur dos Caldeus, Mesopotâmia, era filho de Terá e descendente de Sem. Em um mundo politeísta, Abrão recebeu um chamado singular do Deus único (YHWH) para deixar sua terra natal, parentela e casa paterna, e seguir para uma terra que Deus lhe mostraria (Canaã). Junto a esse chamado vieram promessas extraordinárias: Deus faria dele uma grande nação, o abençoaria, engrandeceria seu nome, e através dele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:1-3). Obedecendo, Abrão, aos 75 anos, partiu com sua esposa Sarai, seu sobrinho Ló, e seus bens para Canaã.
A jornada de Abraão foi marcada por uma relação dinâmica e crescente com Deus, formalizada através de uma aliança (Gênesis 15 e 17). Deus prometeu a Abrão uma descendência incontável como as estrelas do céu e a areia do mar, e a posse perpétua da terra de Canaã para seus descendentes. Como sinal físico dessa aliança, Deus instituiu a circuncisão e mudou o nome de Abrão para Abraão ("pai de muitas nações") e de Sarai para Sara ("princesa"). A fé de Abraão, demonstrada em crer nas promessas divinas apesar das circunstâncias (como a idade avançada e a esterilidade de Sara), foi-lhe creditada por Deus como justiça (Gênesis 15:6), um conceito teológico fundamental explorado posteriormente por Paulo (Romanos 4).
Apesar da promessa, a ausência de um herdeiro levou Sara a sugerir que Abraão tivesse um filho com sua serva egípcia, Agar. Desse relacionamento nasceu Ismael (Gênesis 16). Contudo, Deus reafirmou que o filho da promessa nasceria de Sara. Milagrosamente, quando Abraão tinha 100 anos e Sara 90, Isaque nasceu (Gênesis 21), cumprindo a promessa divina e estabelecendo a linhagem através da qual a aliança principal continuaria. A relação entre Sara e Agar, e consequentemente entre Isaque e Ismael, tornou-se tensa, levando à partida de Agar e Ismael.
O teste supremo da fé de Abraão ocorreu quando Deus lhe ordenou sacrificar seu amado filho Isaque no Monte Moriá (Gênesis 22). Abraão demonstrou obediência radical, preparando-se para cumprir a ordem divina, crendo que Deus poderia até ressuscitar Isaque (Hebreus 11:19). No último momento, Deus interveio, provendo um carneiro para o sacrifício em lugar de Isaque. Este evento, conhecido como a Aqedah (a ligação), solidificou o caráter de Abraão como servo fiel e obediente, e Deus reafirmou suas promessas com juramento.
Após a morte de Sara, Abraão comprou a Caverna de Macpela em Hebrom dos hititas, garantindo um local de sepultamento para sua família na Terra Prometida (Gênesis 23). Este ato foi significativo como a primeira aquisição legal de terras em Canaã pelos patriarcas. Abraão também se preocupou em assegurar a continuidade da linhagem da aliança, enviando seu servo para buscar uma esposa para Isaque entre seus parentes na Mesopotâmia (Rebeca). Abraão viveu até os 175 anos, sendo sepultado por seus filhos Isaque e Ismael em Macpela, ao lado de Sara (Gênesis 25). Seu legado transcende a história de Israel, influenciando profundamente a fé e a identidade do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.