Sara, originalmente chamada Sarai, era esposa e meia-irmã de Abraão (Gênesis 11:29; 20:12). Ela o acompanhou em sua jornada de fé desde Ur dos Caldeus, passando por Harã, até a terra de Canaã, conforme a promessa de Deus (Gênesis 11-12). Sua grande beleza, contudo, causou temor em Abraão em duas ocasiões (no Egito e em Gerar), levando-o a apresentá-la como sua irmã para proteger sua própria vida. Em ambos os casos, ela foi temporariamente levada por governantes locais (Faraó e Abimeleque), mas Deus interveio para protegê-la e repreender os reis (Gênesis 12:10-20; 20:1-18).
Um tema central na vida de Sara foi sua longa esterilidade, que contrastava com a promessa de Deus a Abraão de uma descendência numerosa. Desesperada por ter filhos e talvez duvidando que a promessa pudesse se cumprir através dela, Sarai seguiu um costume da época e sugeriu que Abraão tivesse um filho com sua serva egípcia, Hagar. Disso nasceu Ismael (Gênesis 16). No entanto, essa solução humana gerou conflito e amargura entre Sarai e Hagar, levando Hagar a fugir temporariamente.
Anos mais tarde, quando Abraão tinha 99 anos e Sarai 89, Deus reafirmou Sua aliança com Abraão de forma poderosa. Nessa ocasião, Deus mudou o nome de Abrão para Abraão ("pai de multidões") e o nome de Sarai para Sara ("princesa"). Deus prometeu especificamente que Sara, apesar de sua idade avançada, daria à luz um filho, Isaque, que seria o herdeiro da aliança (Gênesis 17:15-21). Pouco depois, durante a visita de três seres celestiais (um deles identificado como o próprio Senhor) a Abraão em Manre, a promessa foi reiterada: "Daqui a um ano, voltarei a ti, e Sara, tua mulher, terá um filho". Sara, ouvindo escondida na tenda e considerando sua idade e a de Abraão, "riu-se interiormente", pensando com incredulidade. O Senhor questionou o riso de Sara, afirmando: "Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?". Sara, amedrontada, negou ter rido, mas o Senhor confirmou que ela havia rido (Gênesis 18:1-15).
Conforme a promessa divina, no tempo determinado, Sara concebeu e deu à luz Isaque quando tinha 90 anos e Abraão 100. Sua incredulidade se transformou em alegria e testemunho: "Deus me deu motivo de riso; e todo aquele que ouvir isso vai rir-se juntamente comigo" (Gênesis 21:1-7).
Entretanto, a tensão familiar ressurgiu durante a festa do desmame de Isaque, quando Sara viu Ismael (filho de Hagar, então adolescente) zombando ou brincando de forma inadequada. Temendo pela herança de Isaque, Sara exigiu que Abraão expulsasse Hagar e Ismael. Embora isso tenha afligido Abraão, Deus o instruiu a atender ao pedido de Sara, assegurando que faria de Ismael uma grande nação, mas que a aliança seria estabelecida com Isaque (Gênesis 21:8-14).
Sara viveu até os 127 anos, morrendo em Quiriate-Arba (Hebrom), na terra de Canaã (Gênesis 23:1-2). Sua morte causou profundo luto em Abraão, que negociou diligentemente com Efrom, o hitita, a compra da Caverna de Macpela como um local de sepultamento permanente para Sara e sua família. Este foi o primeiro pedaço da Terra Prometida legalmente adquirido pelos patriarcas.
No Novo Testamento, Sara é lembrada como uma matriarca da fé. Hebreus 11:11 afirma que "Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa". 1 Pedro 3:6 a apresenta como exemplo para as mulheres cristãs por sua obediência e respeito a Abraão. Ela é vista, junto com Abraão, como mãe espiritual daqueles que creem (Romanos 4, 9; Gálatas 4).