Jacó foi o filho mais novo de Isaque e Rebeca, e irmão gêmeo de Esaú. Nasceu segurando o calcanhar de Esaú, e seu nome reflete isso, significando "suplantador" ou "enganador" (Gênesis 25:19-26). Desde cedo, houve rivalidade entre os irmãos, com Jacó, mais caseiro e favorecido pela mãe, comprando o direito de primogenitura de Esaú, o caçador impulsivo favorecido pelo pai, por um prato de lentilhas (Gênesis 25:27-34).
Com a ajuda de Rebeca, Jacó enganou seu pai Isaque, já idoso e cego, para receber a bênção patriarcal destinada a Esaú (Gênesis 27). Temendo a vingança de Esaú, Jacó fugiu para Padã-Arã (Harã), terra de seu tio materno Labão. No caminho, em Betel, teve um sonho com uma escada que ligava a terra ao céu, com anjos subindo e descendo, e Deus no topo reafirmou a Aliança Abraâmica com ele. Jacó fez um voto a Deus naquele lugar sagrado (Gênesis 28).
Em Harã, Jacó trabalhou para Labão por vinte anos. Apaixonou-se por Raquel, filha mais nova de Labão, e trabalhou sete anos por ela, mas foi enganado por Labão na noite de núpcias, recebendo Lia, a filha mais velha. Concordou em trabalhar mais sete anos por Raquel. Através de Lia, Raquel e suas servas Bilá e Zilpa, Jacó teve doze filhos (Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José, Benjamim) e uma filha, Diná, que se tornariam os progenitores das doze tribos de Israel (Gênesis 29-30). Apesar das tentativas de Labão de explorá-lo, Deus prosperou Jacó grandemente com rebanhos.
Após vinte anos, Jacó decidiu retornar a Canaã, fugindo secretamente de Labão. Labão o perseguiu, mas eles fizeram um pacto de paz (Gênesis 31). Ao se aproximar de Canaã, Jacó temia o reencontro com Esaú. Na noite anterior ao encontro, ele lutou com um "homem" (identificado como Deus ou um anjo) junto ao vau de Jaboque, no local chamado Peniel ("Face de Deus"). Jacó persistiu até receber uma bênção, e seu nome foi mudado para Israel, que significa "aquele que luta com Deus" ou "Deus luta". Ele saiu do encontro mancando, pois seu quadril foi deslocado (Gênesis 32).
O reencontro com Esaú foi surpreendentemente pacífico e reconciliador (Gênesis 33). Jacó se estabeleceu em Canaã, primeiro perto de Siquém, onde ocorreu o trágico incidente com sua filha Diná e a violenta vingança de seus filhos Simeão e Levi (Gênesis 34). Deus o instruiu a ir para Betel, onde reafirmou suas promessas e seu novo nome, Israel (Gênesis 35). Perto de Efrata (Belém), Raquel morreu ao dar à luz Benjamim, o filho mais novo (Gênesis 35:16-20). Jacó demonstrou claro favoritismo por José, filho de Raquel, o que gerou ciúmes e levou seus irmãos a vendê-lo como escravo para o Egito, fazendo Jacó acreditar que ele estava morto (Gênesis 37).
Anos mais tarde, durante uma fome severa, Jacó enviou seus filhos ao Egito para comprar comida, sem saber que José havia se tornado governador. Após uma série de encontros tensos e testes, José se revelou a seus irmãos. Jacó, já idoso (130 anos), migrou com toda a sua família (70 pessoas ao todo) para o Egito, estabelecendo-se na terra de Gósen sob a proteção de José (Gênesis 42-47). Antes de morrer, Jacó adotou os dois filhos de José, Efraim e Manassés, como seus próprios, e proferiu bênçãos proféticas sobre cada um de seus doze filhos, delineando o futuro caráter e destino das tribos de Israel (Gênesis 49).
Jacó morreu no Egito aos 147 anos. Seu corpo foi embalsamado à maneira egípcia, e José, com permissão do Faraó e grande cortejo, levou seu corpo de volta a Canaã para ser sepultado na Caverna de Macpela em Hebron, junto a Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia (Gênesis 49:29-50:14). Jacó/Israel é a figura paterna da nação escolhida, um homem cuja vida de lutas, falhas e encontros com Deus moldou o destino de seu povo.